25.5.17

Afecto ardente numa 'Vespa'.

Vem uma Vespa disparada, de azul petróleo pintada. Nela segue o rapaz e a sua amada. Ele traz um capacete de couro escuro, com os olhos protegidos por uns RayBan clássicos. Ela traz um capacete menor, de couro claro, com os olhos resguardados por uns Dior. Nos pés, trazem calçados uns ténis capazes e com raça. Ela enverga um vestido com leveza, desenhado com flores e isso só lhe traz beleza. Ele veste uma camisola às riscas, num azulão e branco que convive em harmonia. Faz lembrar os marinheiros e a sua embarcação. Uns calções cuja cor pisca o olho ao tom escuro das riscas. A chegar, para a malta avisar, ele deixa fugir umas apitadelas. Levantam as mãos, ele e ela, com a maior sintonia, e acenam ao pessoal. Os convivas devolvem ainda com maior entusiasmo. Ouvem-se assobios, pequenos e médios gritos. Vozes finas e mais encorpadas. Mãos com vida, braços levados ao céu. Aplausos. Ela desce da Vespa azul petróleo, tira o capacete menor de couro claro, ajeita o vestido florido e comprido, compõe a mala que traz no colo. Mexe a cabeça, rodando o cabelo, como a melhor das divas faz no cinema. Desmancha-se numa gargalhada e fica quase envergonhada. Ele segue-lhe os passos. Deixa a lambreta, tira o capacete de couro escuro e passa a mão no cabelo para lhe restituir o jeito. Segura-o com firmeza, sacode os calções escuros como se estivessem tomados pelo pó. Cede o lugar dos óculos, agora coloca-os presos na gola redonda. Levanta a mão e cumprimenta todos. Lado a lado, ela e ele enlaçam as mãos. A direita dele casa com a esquerda dela. Regressam os assobios, os pequenos e médios gritos. As vozes finas e as mais encorpadas. O arrebatamento repete-se. Mãos com vida, braços levados às alturas. Aplausos. Abraços demorados. Beijos de cumplicidade. Imaginam-se dias longos de felicidade. Quisemos guardar numa imagem a comunhão e o amor. Saltem, se quiserem. Acabámos de experimentar o amor.

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